Lembro quando ele chegou aqui, vindo do Rio de Janeiro: Cabelos encaracolados à la Roberto Carlos, suspensórios segurando as calças, um colete enfeitando a indumentária, em suma, chique demais para conviver com os cavalos de aço, cintos de fivelões comprados na Feira do Pensamento da Pedro Américo e calças desbotadas adquiridas a prestação na loja de Geraldo Gomes, usados por seus colegas de profissão.
Mas quem pensou que se tratava de um sujeito esnobe, rico e filhinho de ministro, enganou-se redondamente.
Abelardinho era fino no vestir e mais fino ainda no tratar.
Sem contar que, naquele seu jeito de quem entra no ambiente em silêncio porque está acanhado, inaugurava um novo estilo de escrever notícias sociais, sem necessariamente gastar o espaço da coluna com jantares, manjares e vestires dos chiques da cidade.
Colocou a opinião política, a crítica e a cobrança no espaço onde antes só se falava de “niver”, de festas, de vinhos e de sabores.
Inaugurava aqui o que Zózimo Barroso do Amaral já praticava no Jornal do Brasil.
Por isso deu certo e ainda dá, quarenta e tantos anos depois da sua chegada.
Hoje imortal da Academia, mas ainda cantando as canções de Roberto Carlos, Abelardinho Jurema Filho é, sem sombra de dúvidas, um dos nossos campeões da informação.
1 Comentário
Tiao, fiquei comovido e lisonjeado com suas considerações sobre mim e sobre o meu trabalho. Realmente, somos contemporâneos e caminhamos juntos nessa estrada da vida. 40 anos depois, creio que somos vencedores embora ainda tenhamos muito o que caminhar (assim espero). Somos de uma geração guerreira, cada um com suas armas e os seus propósitos, lutando com bravura em favor do que acreditamos. Grato.