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DIÁRIO DE UMA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA PARADA DE ÔNIBUS

30 de novembro de 2023

 

Andando com dificildades auxiliado por suas muletas ele chega ofegante até a parada de onibus. O busão passa e não “nota” sua presença. Resignado, aguarda outros passageiros chegar. O ônibus pára, afinal tem pessoas “normais” na Parada. Pacientemente espera sua vez de subir. Sem uma única alma caridosa para lhe ajudar faz um esforço, coloca a perna sobre a plataforma da porta do ônibus, a única que ainda possui movimentos, mas antes de fazer o impulso para subir o ônibus arranca abruptamente e o projeta para fora. Sente que algo passou por cima da sua perna. Roga a Deus que tenha sido sobre sua perna inútil, mas não, o sangue jorra da sua perna direita, a perna boa. Foi a roda do ônibus. Antes de desmaiar ainda ouve gritos das pessoas dentro do ônibus pedindo para o motorista parar, mas ele não pára, afinal não será um deficiente que vai atrasar sua rota.

A narrativa acima não é uma ficção, muito menos um fato isolado. Caso o Blog abra espaço para situações terríveis como esta, tenho convicção que muitos serão os casos relatados.

A vítima da negligência, da imprudência, da irresponsabilidade e da desumanidade desta vez foi Cristiano Carneiro Gama, irmão de Gilberto Carneiro. O ônibus é da empresa UNITRANS que faz a linha para Jacumã. O fato aconteceu em uma das paradas de ônibus da Josefa Taveira em Mangabeira.

E ficam os questionamentos, a revolta, a imdignação: Até quando as pessoas com deficiência serão tratadas de forma desumana pelas empresas de ônibus de transporte coletivo? Quantos terão que ficar sequelados ou mesmo morrerem para alguma providência ser tomada? Omissão de socorro, lesão corporal grave, homicídio culposo e doloso, quantos destes crimes terão que acontecer para as autoridades tomar alguma providência?

Cristiano sobreviveu, mas foi submetido a três cirurgias e não se sabe ainda se poderá voltar a andar com o auxílio das suas muletas. A empresa, ah! a empresa, esta tem mais com que se preocupar, por qual razão iria perder tempo em procurar a vítima ou seus familiares? Eles que se virem. O problema é deles.

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