A colunista Ruth Manus foi demitida nesta segunda-feira (12), pelo jornal O Estado de S. Paulo, por ter feito coluna criticando o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL); “Como seria possível não falar sobre política? O que não é política? Direito envolve política, minorias envolvem política, feminismo envolve política, sociedade envolve política, relacionamentos envolvem política. Liberdade é pura política- e sua ausência, ainda mais”
Ruth afirma que reagiu à proibição e disse à direção do jornal que “caso eles não estivessem dispostos a preservar sua liberdade como colunista, que ficassem à vontade para rescindir o seu contrato”.
Ao final da nota ela afirma: “Quem quiser seguir me acompanhando, será muito bem-vindo na minha página do facebook, no meu instagram, no Observador- jornal português no qual escrevo desde 2016 com total respeito e liberdade- e, futuramente, em outros espaços que façam sentido. Obrigada pelos anos de leituras atentas”.
Leia, abaixo, o texto na íntegra:
“Era uma vez uma moça chamada Ruth, que escrevia para um grande jornal brasileiro. Escreveu durante anos, sobre amor, humor e tantas outras coisas sérias e indispensáveis, com liberdade e boas intenções. Impressionou com seus números de audiência e foi premiada três vezes pelo jornal.
Acreditando, ainda, na liberdade que julgava ter, escreveu no fim de agosto um texto que criticava um candidato à presidência do país. Foi surpreendida com uma ligação do jornal proibindo-a de se manifestar sobre política por prazo indeterminado. Assustou-se, não esperava uma coisa dessas em pleno ano de 2018. Escreveu para o jornal, lembrando-os de que fora contratada para escrever colunas com tema livre e dizendo que essa conduta de censura não fazia sentido para ela, sobretudo pelo fato deles saberem que ela era advogada e professora de Direito.
Como seria possível não falar sobre política? O que não é política? Direito envolve política, minorias envolvem política, feminismo envolve política, sociedade envolve política, relacionamentos envolvem política. Liberdade é pura política- e sua ausência, ainda mais. Disse que não estava disposta a escrever com medo, pisando em ovos e que, caso eles não estivessem dispostos a preservar sua liberdade como colunista, que ficassem à vontade para rescindir o seu contrato.
Algumas semanas depois- ontem, no caso- foi comunicada acerca do seu desligamento.
Saio do Estadão com tranquilidade e com a certeza de que fui absolutamente coerente com aquilo em que acredito. Tenho orgulho da minha trajetória lá dentro, ao longo de quase 5 anos, assim como tenho orgulho da minha saída, sobretudo no momento que o Brasil atravessa. Agradeço a todos os que trabalharam comigo no jornal, agradeço pelo espaço que tive ao longo desses anos e lamento profundamente que a liberdade de expressão já esteja sendo tão relativizada no Brasil.
Continuarei escrevendo com a mesma alegria, com a mesma coragem e com a mesma fé. Quem quiser seguir me acompanhando, será muito bem vindo na minha página do facebook, no meu instagram, no Observador- jornal português no qual escrevo desde 2016 com total respeito e liberdade- e, futuramente, em outros espaços que façam sentido. Obrigada pelos anos de leituras atentas. Seguimos juntos. Isso foi só o começo.”
2 Comentários
Tião, informa aqui no teu boiga os detalhes do fechamento do Lagoa Shopping. Abraço!
Bastião, vim a Monteiro hoje a trabalho e almocei no Bar da Cabrita. Falei no seu nome a seu Clóvis e ele lembrou de você. Deseja que você volte a frequentar o local !!
Ele disse que o movimento caiu muito. Até a placa que tinha na pista indicando o local do restaurante, os vandalos levaram.
Gostei muito da comida servida, sendo galinha de capoeira, bode e carne assada !!’