Política

Gervásio fica contra PEC do PT que altera composição e permite corregedor externo no Conselho Nacional do Ministério Público

5 de maio de 2021

Apesar de esquerdista e de se dizer eleitor do PT, o socialista Gervásio Maia se posiciona contra a PEC que altera a composição e permite corregedor externo no Conselho Nacional do Ministério Público.

A matéria, que  se encontra na CCJ, foi apresentada pelo deputado Paulo Pimenta, do PT e se transformou numa grande dor de cabeça para o ex-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol. Ela altera o artigo 130-A da Constituição, que trata do CNMP.

A primeira mudança proposta pela PEC é retirar o representante do Ministério Público do Distrito Federal da cota dos representantes do Ministério Público da União e inclui-lo entre os representantes dos Estados.Assim, haveria três indicados do Ministério Público da União (MPF, MPT e MPM), em vez dos quatro atuais, e o DF concorreria com os estados para as três vagas dos representantes estaduais.

A segunda permite que os dois membros indicados pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça sejam “ministros ou juízes”, em vez de apenas “juízes”, como é hoje.

A terceira inclui um representante do MP, de qualquer um de seus ramos, a ser indicado, alternadamente, pela Câmra dos Deputados e pelo Senado.

Por fim, a última mudança é a autorização de eleição de um corregedor nacional que não faça parte do CNMP. Isso seria feito suprimindo a exigência, hoje contida no parágrafo 3º do artigo 130-A da Constituição.

O relatório final sobre a proposta, recomendando sua admissão, seria votado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara na quarta-feira (28/04). Os deputados Gervásio Maia (PSB-PB) e Kim Kataguiri (DEM-SP) apresentaram requerimentos para tirar a proposta de pauta. A CCJ preferiu continuar analisando a PEC, mas, após quatro pronunciamentos, a votação foi adiada.

Para Deltan Dallagnol, que desobedeceu várias regras da carreira e até agora só se beneficiou desse CNMP, a PEC afeta a independência do trabalho dos procuradores.

“A proposta suprime o equilíbrio de forças que sustenta a independência do Ministério Público. Indicações podem vir a ser feitas num contexto descrito pelo ministro Barroso na última semana, em que muitos poderosos buscam não só impunidade mas vingança contra juízes e procuradores”, afirmou, pelo Twitter.

O procurador se refere à manifestação de Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, que defendeu o legado da “lava jato” no julgamento sobre a suspeição do ex-juiz Sergio Moro. Barroso disse que a “lava jato” revelou um “quadro impressionante” de corrupção estrutural, sistêmica e institucionalizada no Brasil e classificou as relações entre o MP e o então juiz, reveladas com a divulgação de mensagens hackeadas, como “meros pecadilhos”.

As mensagens revelaram, por exemplo, que o então juiz indicou testemunhas para a acusação; que o MPF adiantou conteúdo da denúncia para o juiz em meses; que perseguiam ministros (tanto do STJ quanto do STF), mesmo não tendo competência para investigá-los; e que houve contatos ilegais com autoridades estrangeiras para garantir que o dinheiro arrecadado com as multas no exterior voltasse para o Brasil e fosse administrado pelo Ministério Público, mesmo que sob pena de quebra das empresas.

No CNMP, Deltan chegou a ser punido com pena de censura por ter feito um post dizendo, antes das eleições para a presidência do Senado em 2019, que se Renan Calheiros vencesse a disputa, dificilmente o Brasil veria a aprovação de uma reforma contra a corrupção. “Muitos senadores podem votar nele escondido, mas não tem coragem de votar na luz do dia”, afirmou.

Antes disso, ele tinha recebido pena de advertência por ter criticado ministros do Supremo Tribunal Federal. Mas sua utilização para fins de nova punição foi proibida pelo ministro Luiz Fux até o julgamento do mérito de ação ajuizada no STF por Dallagnol questionando a decisão.

Mas Deltan escapou, por prescrição, de processo administrativo disciplinar pelo infame PowerPoint de apresentação de denúncia que colocava o ex-presidente Lula no centro de uma organização criminosa. O processo foi adiado nada menos que 42 vezes antes de ser julgado.

No último dia antes do recesso de 2019, o Conselho arquivou seis representações contra Deltan de uma vez só — duas delas sobre as mensagens trocadas entre procuradores e o ex-juiz Moro. Na época, havia 23 processos abertos contra ele.

Clique aqui para ler a proposta
Clique aqui para ler o relatório
PEC 5/2021

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1 Comentário

  • Reply Fred 6 de maio de 2021 at 10:57

    Tião, na minha humilde opinião, deve haver uma mudança na composição do CNJ e do CNMP. Do jeito que está, nunca haverá correição séria, porque, como toda categoria, estas também são corporativistas. Um poder não pode ficar a revelia do povo. Não pode um órgão de fiscalização e corregedoria ser composto pelos próprios pares! Juízes não julgam juízes!! Esse argumento de independência de poderes não pode ser absoluto!! Se assim fosse não poderia o judiciário punir um parlamentar ou chefe do executivo !! Se assim fosse não existiria o instituto do impeatchment do presidente(legislativo decide se o presidente fica ou sai)!! Onde estaria então o sistema harmônico de freios e contrapesos dos três poderes idealizado por Montesquieu? Ao contrário, o judiciário é que atualmente vem invadindo a seara de outros poderes!! O judiciário está legislando em causa própria e exportando princípios alienígenas, totalmente destoantes da nossa constituição e decidindo os rumos políticos do país. O judiciário e o Ministério Público estão agora escolhendo nossos representantes. Observe que os verdadeiros ladrões estão sempre aptos a se candidatar, e aqueles que trabalham de verdade tem sua cruz posta no meio de ladrões. O presidente da República sempre escolheu o presidente do Banco Central, os Ministros do Supremo, o procurador geral, o presidente da Petrobrás… E essas instituições nunca deixaram de ser independentes por isso. O presidente dos Estados Unidos também indica os ministros de sua corte suprema, se assim não fosse, todos os países seriam governados pelo judiciário, único poder inteiramente alheio as decisões do povo. Se o povo escolhe um presidente corrupto, o presidente corrupto vai nomear ministro corrupto!! Se o povo opta por um presidente honesto, o presidente honesto escolhe ministro isento e honesto!! É assim que deve ser! Lembrando que passam todos pelo crivo do legislativo! O problema não vem da estrutura institucional, mas da estrutura social!! Cada povo merece o governo que tem!! Nenhuma destas instituições podem ficar alheias as decisões do povo. A democracia tem seu preço.

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