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O assassinato físico, ideológico e moral de Marielle!

21 de março de 2018

Por: Aldo Ribeiro

Ela foi assassinada covardemente com quatro tiros na cabeça, execução sumária, mas ela era de esquerda!

Até que se prove o contrário, pautava seu mandato em defesa das minorias negras, mulheres, favelados e sem perspectiva, mas ela era de esquerda!

Artistas e intelectuais lamentaram sua morte, mas ela era de esquerda!

Partidos, governos e políticos também lamentaram sua morte, mas ela era de esquerda!

Assassinato covarde, sem chance de defesa, repercutiu na imprensa internacional, mas ela era de esquerda!

Mais de cem entidades em todo o mundo denunciaram o Brasil à ONU pela morte dela, mas ela era de esquerda!

Trabalhava na investigação de policiais corruptos, mas ela era de esquerda!

Também auxiliava famílias de policiais vítimas do caos urbano da cidade do Rio de Janeiro, mas ela era de esquerda!

Ela era uma das relatoras na comissão de representação da Câmara Municipal em Brasília para acompanhar a Intervenção Federal na Segurança Pública fluminense, mas ela era de esquerda!

Tão covarde quanto o seu assassinato, foi difamada, achincalhada e desmoralizada nas redes sociais sem chance de defesa. Seu corpo já estava enterrado. Mas ela era de esquerda!

Percebam o pecado da vereadora até então desconhecida do resto do país e do mundo? Era militante da esquerda.

A comoção que tomou conta do inconsciente coletivo da população, foi politizado. Não, não foi a esquerda que se aproveitou do fato. A princípio, a comoção era de tristeza e lamento diante da violência que toma conta do RJ e restante do Brasil, independente da verve política da moça. Foi uma parcela elitista e preconceituosa da população, acompanhada de uma povo bovino na sua maioria, que colocou a politização à frente.

Não tiveram o mínimo de pudor em espalhar nas redes sociais uma série de calúnias sobre a vereadora, ligando-a à bandidos e o tráfico de drogas. Pronto, o “auê” estava consumado, ainda que da maneira mais suja possível.

A discussão e o incômodo agora é sobre o exagero da cobertura jornalística sobre a morte da Marielle, pois outras tragédias idênticas ou piores já aconteceram e não houve essa comoção.  Esqueçam a simbologia da morte da moça. Esqueçam que essa moça morreu por meter o bedelho onde ninguém tem coragem de colocar. Mas aí a culpa foi dela, né? Quem mandou se meter nesse rabo de foguete? Esqueçam que essa execução foi um aviso pra quem mais ousar investigar essa caixa-preta à céu aberto. Esqueçam que calaram uma voz da democracia.

Inverteram-se os valores. A política substituiu o sentimento de revolta, de um sonoro, “chega!! – Não dá mais!! – A sociedade precisa reagir, ir às ruas, independente de bandeira política!!”, por briguinhas ideológicas nas redes sociais. Se atém à temas polêmicos, mas secundários, pra desqualificar quem pensa diferente. Não se dão ao trabalho de atentar pra o que realmente importa e que é a base de tudo. Educação, saúde, saneamento, infraestrutura, emprego e renda, que no fim das contas reflete uma sociedade menos desigual e mais tolerante.

Que as mortes brutais de Marielle e Anderson, sejam a senha pra um levante contra a “mediocracia” que toma conta do país! “Amar e mudar as coisas me interessa mais”.

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6 Comentários

  • Reply Fred 21 de março de 2018 at 07:21

    A direita está combatendo a corrupção se utilizando de Fake News. Combater corrupção com mentira é ser honesto? O ódio, a iniquidade e a falta de escrúpulos tomou conta da sociedade! Quando você entra numa discussão política, e prova por exemplo que Fernando Haddad é muito mais gestor do que Dória, imediatamente vem o xingamento: Comunista!! Pura falta de argumento!! Dá vontade de responder: Comunista é tua mãe filho da p…

  • Reply José Jangaban Ribeiro de Pádua Freire 21 de março de 2018 at 09:40

    Tudo verdade…
    Parabéns pelo texto.

  • Reply Jose Pereira 21 de março de 2018 at 10:44

    Enquanto houver ipunidade, justiça vergonhosa, leis favorecendo bandidos de toda espécie, não vão parar esta matança nunca. Este país está de cabeça pra baixo.

  • Reply Gilvandro 21 de março de 2018 at 11:39

    Acho muito justo que seja apurado com todo o rigor, esse absurdo que aconteceu com a vereadora do Rio de Janeiro. Não é possível ficarmos calados com esse acontecimento.

    Só fico a pensar numa coisa: Porque não existe essa comoção quando tal fato acontece com um Pai de Família que está trabalhando para manter sua família com dignidade; com um policial que está, no exercício do seu trabalho, defendendo a população e é brutalmente assassinado.

    Só queria entender!!!!!!!!

    • Reply Paulo Sepúlvedas 21 de março de 2018 at 21:34

      É simples demais, só basta querer entender.
      Essa era a causa da pessoa que foi executada. Além da gravidade do crime, era uma pessoa envolvida na defesa de outros.
      Com certeza o senhor nunca fez nada por nenhuma vítima, apesar do incômodo com a moça, que tinha isso como missão de vida.
      Precisa entender mais e opinar menos.

  • Reply Simão Freitas 22 de março de 2018 at 09:35

    Fazia tempo que não via uma resposta bem dada. Essa foi no grau.

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