opinião

O primo da rapariga do Cabo

9 de maio de 2021

 

Marcos Pires

Antigamente era assim que nos referíamos a uma suposta autoridade. Alguém que se “achava”. Um zero à esquerda querendo ser o rei da fila do pão.

É muito comum encontrar esse tipo em lojas de luxo. As vendedoras de nariz empinado esnobam as clientes, principalmente aquelas aparentemente mais humildes. No filme “Uma linda mulher”, Julia Roberts é maltratada numa butique da Rodeo Drive até que o poder da grana muda a situação. Eu mesmo já vi isso acontecer com Mãe Leca. Havíamos terminado de participar da Maratona de Paris e fomos a uma loja bacana na avenida Montaigne, ainda suados e com as roupas da corrida. Enquanto eu ocupava uma mesa na calçada do restaurante vizinho à loja, notei mãe Leca ser barrada pelo segurança. Ela não se abalou. Abriu a pochete, retirou de lá uns maços de notas de cem euros e esse “simples” gesto fez com que magicamente a gerente se materializasse para fazer todo tipo de salamaques à nossa vidente e sensitiva.

Nunca julguei as pessoas pela aparência, porem infelizmente existe muita gente assim. Para eles criou-se um termo: o abrasileirado “esnobe”. É interessante observar que reza a lenda ser um termo que deriva do “snob” cuja origem estaria nas palavras SINE NOBILITATIS, sem nobreza.

Nos mais tradicionais colégios ingleses de outros séculos, os muito ricos mas sem títulos de nobreza começaram a matricular seus filhos. Para controle desse pessoal, os Reitores anotavam ao lado dos nomes o termo “s.nob”, que evidentemente os colocava em posição social inferior por não serem nobres.

Portanto, ao contrário do que acham esses borra botas que se pretendem esnobes com essas atitudes ridículas, ser esnobe é NÃO SER tão importante como eles pretendem.

Por isso, sempre que me deparo com alguém de nariz empinado, fico imaginando que tipo de excremento foi passado abaixo daquela protuberância nasal para forçá-la a subir tanto.

Tenho a mesma impressão quando vejo uma dessas imponentes estatuas que homenageiam os poderosos de outrora… divirto-me observando um reles pombo cagar em sua cabeça.

Pra que tanto orgulho?

 

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1 Comentário

  • Reply Raimundo Dias Vieira 9 de maio de 2021 at 10:58

    Valeu Dr Marcos Pires! Sertanejo de fé é assim. Disse tudo.

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