opinião

Robôs da midia, a “fakenews” que fala.

10 de setembro de 2023

Ulisses Barbosa
Você é a favor ou contra a corrupção?  Essa pergunto simplória foi feita a pessoas nas ruas pra coletar assinaturas para o projeto das dez medidas contra a corrupção, de autoria do gênio Deltan dallagnol. Será que alguém responderia, “sim, sou a favor da corrupção”?
Pois bem, parte da midia fundamentalista corporativa super inteligente como ela só, acha que o mundo e os fatos só podem ser vistos pelo prisma do ódio à esquerda e, em especial, a um partido, o PT. A ponto de ainda hoje acreditarem no patético PowerPoint do cassado Deltan.
Muitos celebraram a decisão do ministro Dias Tofolli, anulando os acordos de leniência da Odebrecht feito em 2016 pela lavajato. Antes tarde do que nunca, claro. Mas, ao mesmo tempo, isso revela uma injustiça continuada.  Toffoli está cinco anos atrasado, mas antes dele, Lewandowisk também estava, e não vou nem falar da participação desde último no golpe de 2016. Sigamos com uma pequena cronologia.
Em 2014 começa a lavajato. Até 2016 a lavajato “surfou” sob os holofotes da midia familista como heróis. De manhã, tarde e noite, espaços generosos para os dois paladinos da moralidade, Moro e Deltan. Não se esqueçam do famigerado “duto jorrando dinheiro” da globo, carro chefe da histeria coletiva nas redações, lá e cá. Mas quanto tempo duraria esse linchamento público e a criminalização da política?
A resposta viria com ministro Teori Zavaski em  2017, que apontava graves desvios de Moro e seu time de procuradores. A quadrilha de Curitiba foi revelada. No mesmo ano Teori morreu em um “acidente”. O delegado que investigava o caso também morreu. Nesse mesmo ano, centenas de juristas renomados já apontavam os desvios do lavajatismo.
Em nenhum momento desse processo, ninguém, absolutamente ninguém foi contra o combate à corrupção. Mas a partir do que foi apontado por Teori e vários juristas, o problema era ainda mais grave. A quadrilha de Curitiba resolveu combater corrupção com corrupção.  E comprometeu o que poderia ter sido uma grande e bem sucedida operação contra a corrupção.
Mas resolveram direcioná-lo exclusivamente contra Lula. O objetivo? Tirá-lo do processo eleitoral em que era favorito. Senão,  como explicar o processo mais rápido da história do judiciário? Lula foi preso em abril de 2018, em julho já estava condenado por Moro, em setembro teve a pena aumentada pelo TRF4 (cúmplice) em um processo onde o relator leu mais 6 mil páginas em 2 dias e aumentou a pena de Lula. Em abril de 2019 o STJ (a terceira instância dos delirantes) conclui o processo.
Mas isso não importou para os jornalistas anti esquerda, Lula e o PT eram o responsáveis pela corrupção no Brasil, toda e qualquer corrupção. Foi o que afirmou a lavajato, e os inteligentes jornalistas compraram a afirmação baseada meramente no seu ódio interno e sua ignorância de classe.
A decisão chegou tarde. O estrago não foi pra Lula e o PT, como desejavam. Lula foi eleito democraticamente. Foi, em primeiro lugar, para o próprio judiciário, um escândalo colossal com desdobramentos imprevisíveis nesse primeiro momento. Em segundo lugar, foi pra todos os que corroboraram com a quebra do estado democrático de direito e o devido processo legal.
Ato contínuo, é bom lembrar  o que disse Emílio Odebrecht em depoimento a mesma lavajato, “a corrupção existe desde a ditadura. Sempre empreiteiras e políticos andaram de mãos dadas” (o PT só chega ao poder em 2002). Waldemar Costa Neto sobre o “mensalão”, “nunca houve mensalão, o que tinha era caixa dois. Roberto Jefferson inventou aquilo tudo a partir da imagem da entrega de dinheiro nos correios”.
Um pouco de memória e inteligência pra pesquisar, checar e buscar fontes com notório saber sobre o assunto, evitaria a histeria fundamentalista e a ânsia pelo linchamento público de reputações como foi com a lavajato e suas “franquias” em alguns estados, com diria meu amigo João Vicente Machado.
Agora, restam aos jornalistas envolvidos, ranger os dentes e fazer malabarismos retóricos pra parecerem inteligentes em meio a tanta desinteligência que propagaram.
Crédito: Escultura da Artesã Adriana Lúcio

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