opinião

SUGESTÕES AO CAPITÃO

7 de julho de 2019

Ramalho Leite

Acompanhar esses primeiros meses da gestão do Capitão me fez lembrar os primeiros e únicos meses do excêntrico Jânio da Silva Quadros. Eleito como salvador da Pátria, tomou, inicialmente, medidas que pareceram ridículas aos olhos do povão, mas que, para ele tinham o sentido de preservar a moral e a família. E a todas as medidas, se rubricava de promessas de campanha.
Por outro lado, o fechamento das “rinhas de galo” tinha o objetivo de preservar a espécie. E justificava: todos os animais são tutelados pelo Estado. O Estado pune maus tratos a animais, logo, a luta entre animais incentivada pelo homem, constitui maus tratos.
A proibição de maiô nos desfiles de misses e o uso de biquíni nas praias visavam a moral pública. Para ele e seus seguidores, criou o pijânio, indumentária mais condizente com o nosso clima tropical. Não chegou a trocar a gravata pela camisa do Palmeiras…
O Capitão segue o mesmo caminho e quer, logo a princípio, cumprir todas as promessas. A primeira delas seria armar os brasileiros. Já que os bandidos andam fortemente armados, é preciso equilibrar as forças e todos devem ter, pelo menos uma arma para agir em legitima defesa. O assunto é polêmico e ainda vai render muita discussão.
Os decretos do nosso Presidente sugerem outros que, verdadeiros ou não, entram no rol das medidas prometidas. Vem aí a eliminação da tomada de três pinos. Um incômodo que obriga o cidadão a adaptar todos os seus pontos de distribuição de corrente elétrica. Um desperdício.
Me atreveria sugerir outras medidas aos pensadores palacianos que encontraram, até que enfim, alguém disposto a executá-las. Por exemplo: se nas rodovias um veículo, no máximo, pode atingir 110 km, porque se fabricar carro cujos velocímetros atingem mais de 200km? Um decreto nesse sentido, resolveria a questão.
Por falar em veículos, o Capitão precisa modernizá-los: ao invés do porta-copo, já que é proibido beber e dirigir, que tal colocar porta-celular? Os veículos possuem espaço para mais de três copos. Dá uma farra com todos os passageiros. Os celulares hoje são acoplados ao sistema de mídia do veículo, logo, precisam ser bem acomodados para evitar acidentes.
São detalhes que ninguém lembra. Ninguém não, tem quem lembre ao nosso comandante em chefe. Um detalhe fica escondido nos sanitários. O papel higiênico é picotado para ser cortado no lugar certo e economizar. Vocês já notaram que nunca o papel se parte no lugar picotado? Dispensável picotar o papel higiênico. Basta um artigo do decreto que proibirá a tomada dos três pinos.
Finalmente, uma medida que agradará a gregos e troianos, palmeirenses, flamenguistas e corintianos. As calças jeans, fardamento diário de todo bom brasileiro, importado dosstates há tantas eras, continua com o minúsculo bolso para depositar moedas. A moeda a cada dia sai de circulação e engordam os porquinhos de barro. No bolso, no máximo, cabe uma chave, sem chaveiro. É preciso que se fabrique calças jeans com bolso para celular. Eis um decreto indispensável que não há Congresso que derrube.

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