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Um segredinho de João Henrique

24 de julho de 2018

Não faz muito tempo, foi na década de 90. Acabara de ser nomeado chefe da Procuradoria Geral do Estado em Sousa, lá no sertão. Assim que cheguei lá, um problema aparentemente insolúvel, a me desafiar: um funcionário fantasma, que recebia religiosamente o contracheque no fim do mês sem trabalhar e a ameaça de retaliação  a quem se atrevesse a suspender o seu pagamento.

Eu suspendi. Botei falta nele e comuniquei oficialmente à Secretaria da Administração que o seu pagamento estava suspenso. E que o próximo passo seria a instauração de um Processo Administrativo Disciplinar por abandono de cargo.

Passou o tempo.

No mês seguinte, cheguei em Sousa e fui procurado pelo ex-deputado Eilzo Matos, meu amigo pessoal, que me convidou para uma conversa particular na casa da irmã dele, dona Elzira, localizada ao lado do prédio da Procuradoria.

Fui à casa de dona Elzira. E assim que entrei, deparei-me com o tal funcionário fantasma, sentado numa cadeira num canto de parede, todo desconfiado.

O funcionário chamava-se João Henrique.

Eilzo se explicou: “Este aqui é João Henrique, rapaz bom, amigo nosso, que precisa se entender com você ”.

João, advogado, morava em João Pessoa e dividia escritório com o ex-deputado Nias Gadelha. E era lotado, como advogado na PGE de Sousa, sem nunca ter dado um dia só de expediente.

Eu achei uma saída para ele continuar empregado: Os processos de Sousa seriam encaminhados ao seu escritório na Capital e ele elaboraria as petições.

João aceitou e por alguns meses a coisa funcionou.

Até que começou a demorar a devolver os processos e eu, temendo perder prazos, mandei o motorista buscar os que lhe tinha enviado e não mandei mais nenhum novo.

Ato contínuo, encaminhei seu caso ao Procurador Geral do Estado.

Naquele tempo eu não era o “baba ovo de Princesa”, como ele me definiu ontem.

Era seu chefe, que ele agradava para, em troca, manter o emprego.

E por que João me chamou de “baba ovo de Princesa?”

Somente porque divulguei uma matéria sobre a condenação da mulher dele por improbidade administrativa.

Falei que a justiça estava encontrando dificuldade para intima-la da sentença e da obrigação de pagar uma multa de 180 mil reais.

Terei mentido?

Não tenho nada de pessoal contra a ex-prefeita Edna, até a admiro. E reconheço que todo gestor público está passível de uma condenação.

Basta um escorregão bobo para que isso aconteça.

Mas, repito, não menti.

Tanto não menti que reproduzo, neste texto, as provas da condenação.

Veja você mesmo, leitor. E tire as suas conclusões.

E ao deputado João Henrique, os meus parabéns.

Em pouco, venceu na vida, ficou rico e poderoso.

Ao contrário do babão aqui, que continua na mesma, pobre, trabalhando dia e noite para não deixar faltar feijão com farinha para os meninos lá de casa.

 

Acordao parte final Acordao parte final2 certidao do oficial de justica decisao que nao condeceu a liminar na acao rescisoria4 Despacho da Juiza apos a certidao do Oficial MANDADO DE INTIMACAO PARA PAGAMENTO ORDEM DEPRACADA PRECATORIA EM JP Processo Execucao Processo novo Promocao do MP Execucao Tramite da Precatoria em JP

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4 Comentários

  • Reply Antonio Miranda Filho 24 de julho de 2018 at 06:40

    Valeu Tião, como é difícil encontrar um político sério, honesto nesse Estado, País, vamos ter vergonha na cara minha gente, a culpa é nossa do que está acontecendo!!

  • Reply Jose Paiva Cartaxo 24 de julho de 2018 at 07:55

    Valeu Tião, matou a cobra e mostrou o pau. Isso sim é que é jornalismo decente, honesto, sem falsidade ideológica. Meus parabéns Tião Lucena e um abraço festivo, jornalismo se faz desta forma com decência, honestidade, moral e ética.

  • Reply João Monteiro 24 de julho de 2018 at 09:33

    E agora Joãozinho deu ruim foi???? Conta tua história KKKKKKKKK.

  • Reply ROBERTO SOLON DE VASCONCELOS 24 de julho de 2018 at 15:19

    Ui!

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