Sou segurado antigo da Unimed, alcancei o tempo das vacas gordas. Ainda lembro que me chamavam de chique porque carregava a carteirinha verde do plano. E era chique mesmo.
Para entrar na Unimed o sujeito precisava ostentar pedigree, as exigências eram quase iguais àquelas cobradas a quem se dispunha a ser sócio do Cabo Branco.
Mas o tempo passou e o tempo que substituiu o tempo glorioso transformou a Unimed num SUS piorado. Isso mesmo, a Unimed é, hoje, um SUS de segunda classe.
Vejam o meu caso.
Pago quase R$ 4 mil por mês ao plano de saúde e quando preciso dele, me botam na fila do sofrimento.
Apareceu um problema no meu ciático há cerca de um mês, fui ao médico, me mandaram fazer uma ressonância magnética, a dita cuja constatou que estou com hérnia de disco da cabeça aos pés, o ciático inflamou, o buraco por onde ele passa ficou estreito e o doutor disse que eu só ficaria aliviado com uma intervenção cirúrgica.
O pedido foi encaminhado à Unimed e eu fiquei tomando injeções na bunda e engolindo uns comprimidos analgésicos para aguentar até a cirurgia ser autorizada, mas acontece que a Unimed está estudando meu caso e o remédio acabou. Sem o remédio, a dor está de volta. E é uma dor cachorra da mulesta, daquelas que o cabra sente e rebola, sem ter canto, sem saber se senta, se fica em pé ou deitado.
E a Unimed estudando, analisando, dando chá de cadeira, como se estivesse a dizer que o problema é meu e não dela, que a dor é minha e não dela, que o meu direito é um direito questionável, tipo você tem mas depende.
Tenho mais coisas a contar, mas vou dar uma parada porque a dor da perna está me deixando com vontade de chamar um monte de nomes feios.
E se eu continuar, saiam da frente, porque não responderei pela minha língua.
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