opinião

Vendendo um automóvel.

8 de dezembro de 2019

Marcos Pires

             Já tratei aqui do automóvel que mãe Leca me emprestou durante uns dias enquanto eu esperava meu carro novo chegar. Meu carro chegou, o tempo passou e enfim mãe Leca me pediu para vender a fubica dela.

  Primeiramente procurei essas lojas de carros usados, porém todas são uma só cabeça em diversos corpos. Sempre a mesmíssima oferta, ou seja, nenhuma.

  Parti então para a venda direta. Anunciei na internet e os primeiros telefonemas eram pura gozação: “- Mas vem cá, é aquele carro ao qual você se referiu tão depreciativamente em sua coluna do Correio da Paraíba?”. Depois os interessados começaram a aparecer. Mas com cada proposta…; um deles queria dar como parte do pagamento um Fiat Elba. Outro queria porque queria que eu aceitasse um sitio em Puxinanã e voltasse quinze mil reais a ele. Um terceiro veio com uma conversa doida sobre títulos de um tal Vale das Cascatas, dizendo que em breve eles serão supervalorizados porque ninguém mais vai poder tomar banho de mar devido ao piche comunista que veio da Venezuela e poluiu nossas praias, enquanto as piscinas naturais do tal complexo turístico estão infensas a essa praga.

  Nada feito, a ordem de mãe Leca era para só vender à vista. E aí eu travei conhecimento com um espécime muito peculiar, o corretor de automóveis. O primeiro botou tantos defeitos no carrinho que eu pensei que ele estava ali só para me humilhar. Com o segundo corretor interessado eu quase fechei negócio, mas quando ele apareceu com o comprador, trouxe junto mais outros 2 corretores, que iriam dividir a comissão. Começaram uma discussão violentíssima sobre a divisão dos trezentos reais da tal comissão. Um dizia que não abria mão de metade da grana porque fora ele quem localizara o comprador, enquanto que o corretor que me procurara originalmente dizia que sem ele simplesmente não teria havido negócio. O mais incrível era o argumento do terceiro corretor; com um palito pendurado nos dentes, aqui e acolá dava seu fulminante argumento: “- Quero nem saber, eu ouvi a conversa. Tô dentro!”. Quando procurei o possível comprador ele desaparecera com medo da quizumba.

  Então, queridos leitores, por acaso vocês conhecem algum abilolado que queira comprar um carro quase novo, quase bom, quase barato e com o emplacamento quase em dia?

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1 Comentário

  • Reply Severino A Santos de Lima 8 de dezembro de 2019 at 18:36

    A placa é “MERCOSUL”? Se for, tenho um comprador. Qual o valor da comissão?

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