opinião

A BÍBLIA E A ECONOMIA

10 de março de 2024

Por GILBERTO CARNEIRO
– “LULA deve enfiar Bíblia no bolso para melhorar sua popularidade”.
Calma, a frase não é minha, mas do analista político José Roberto de Toledo. Na avaliação do colunista, “o ponto mais alto da aprovação de Lula no seu terceiro mandato foi em agosto de 2023: 60%, segundo a Quaest. Desde então, está em queda. Chegou agora a 51%”. Na linha do seu raciocínio,  “o governo e seus analistas culpam os evangélicos e os temas a que esse segmento da população presta mais atenção, seus valores sagrados. Estão olhando para o lado errado. Não é a Bíblia”.
E de forma contundente e sarcástica aponta o verdadeiro problema que, ao seu ver, incomoda os nacionais. – “não é a bíblia, é o bolso, querido”. Segundo sua lógica, “agosto de 2023 foi o ponto alto da aprovação de Lula porque foi também o pico da avaliação do governo na economia; março de 2024 é o vale: Mais pessoas diziam que a economia melhorou: 34% a 26% agora;  mais gente dizia que achava que a economia iria melhorar: 59% a 46%; menos gente dizia que os preços dos alimentos haviam subido: 37% a 73%; menos gente dizia que os preços dos combustíveis tinham aumentado: 31% a 51%.
A economia atinge a todos, sem exceção. Temas “sagrados”, só parte do eleitorado. E mesmo esses eleitores que se preocupam acima da média com questões como direito ao aborto são afetados pelo desempenho da economia.
Quando o governo ou Lula fazem ou dizem algo que os ofende moral ou religiosamente, isso tem muito mais chance de aumentar a avaliação negativa do presidente se a percepção sobre a economia estiver em baixa. Ao contrário, se a economia estiver em alta, a sensibilidade desse eleitorado diminui.
Atribuir a queda de popularidade de Lula à suposta  “crise” com Israel é adotar uma visão superficial  e rasa. A queda da popularidade do presidente estava dada antes do que alguns consideram como incidente diplomático, o que não é o caso, pois Lula apenas expressou a realidade do que ocorre na Faixa de Gaza atualmente, uma barbárie .
Quem previa a queda na popularidade do presidente eram as pesquisas de confiança. Praticamente todas elas, em várias cidades e estados, vêm apontando piora dessa confiança nos dois últimos meses. Há uma fortíssima correlação entre confiança do cidadão e popularidade presidencial no Brasil desde sempre: as duas sobem e caem juntas.
Historicamente, todo governante costuma começar seu mandato com popularidade alta, sofre uma queda ao longo dos primeiros anos de governo e recupera parte da aprovação perdida na reta final, ao longo da campanha da reeleição. Lula está seguindo o modelo até agora.
Se vai recuperar-se na hora H, vai depender muito do plano de Fernando Haddad, funcionar. Apesar da curva descendente da confiança do brasileiro no curto prazo, as reformas aprovadas pelo ministro da Fazenda criam condições para uma recuperação mais à frente. A questão será, como sempre, de timing: casar o calendário econômico com o eleitoral.
Uma conclusão inexoravel do jornalista e analista politico: “É o bolso, antes da Bíblia, que cria as condições para essas oscilações de humor do eleitorado. Lula pode isentar de impostos todos os templos, monastérios e associações evangélicas que isso não vai melhorar sua popularidade. O que vai fazer o presidente eventualmente reconquistar a simpatia perdida de uma parte dos eleitores, sejam eles evangélicos ou não, é o desempenho da economia: os preços dos alimentos, a expectativa de fazer compras de maior valor e, principalmente, a percepção de melhora da situação financeira individual”.

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1 Comentário

  • Reply Chico 10 de março de 2024 at 07:06

    É só o velho testamento pois os evangélicos que sonham com um estado teocrático, aboliram o novo testamento. Lembra dos discursos da profetisa Michele, do santo Mlafaia e da entrevista das 3 tiazinhas no dia 25 de Fevereiro?

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