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A eleição que quase acaba em tragédia

22 de agosto de 2018

Em 1968, o advogado Antonio Nominando Diniz disputou a Prefeitura de Princesa e venceu dois concorrentes fortes: Miguel Rodrigues e Joaquim Mariano.

Foi uma das campanhas mais empolgantes que testemunhei.

Miguel Rodrigues e Joaquim Mariano representavam o grupo Pereira, comandado pelo deputado Aloysio Pereira Lima.

Antonio Nominando era o representante do grupo Diniz, ainda sob o comando do seu velho pai, Nominando Muniz Diniz, conhecido por Seu Mano.

Depois de ser deputado por várias legislaturas e secretário de educação, Antonio foi o escolhido por ser considerado o único em condições de reconquistar, para seu grupo, a Prefeitura de Princesa, naquela época comandada pelo prefeito Gonzaga Bento, cunhado de Aloysio.

Eu era um rapazote e trabalhei para Nominando. Participei das passeatas, fui aos comícios e houve um momento em que duvidei da vitória do meu candidato.

A vitória de Nominando aconteceu aos 59 minutos do segundo tempo.

Joaquim Mariano descobriu que os comandantes do seu grupo torciam por Miguel Rodrigues, se revoltou e só não rompeu porque não havia mais tempo. Porém anunciou que a partir daquela descoberta, era candidato independente.

Paulo Mariano conta que seu pai ganhou a eleição na urna e perdeu no tapetão. Algumas urnas foram impugnadas e levadas à Capital para recontagem num avião do Governo. E quem a levou foi um fiscal do candidato Nominando, sem fiscalização dos demais candidatos.

A festa da vitória quase acaba em tragédia.

Nominando comandou a passeata dos vitoriosos, levando uma multidão às ruas. E foi avisado para não passar pela rua onde ficava o palacete dos Pereira, porque seria um afronta.

Alguns mais afoitos, devidamente encorajados pela Serra Grande de Vitória de Santo Antão, anunciaram que passariam de qualquer jeito. Aloysio Pereira armou seus homens e os espalhou pela calçada do Palacete, com ordens para atirar em quem passasse.

A sorte foi a presença, na cidade, de um capitão da Polícia, designado para dar segurança ao pleito, que se encheu de autoridade e evitou, com seus soldados, a tragédia.

Mas pagou caro.

A turba enfurecida invadiu a cadeia pública de Princesa para tomar satisfações com o capitão. Houve até um bate boca entre ele e um conhecido médico ligado aos vitoriosos, que ia à frente dos invasores ao lado do próprio prefeito eleito. Falando alto e querendo briga, o médico ouviu do capitão um “calma fulano” e se exasperou:

-Me respeite que sou um titulado, sou um médico, me chame de doutor!”

Nesse interim, o velho Nominando Muniz Diniz correu ao telégrafo e enviou telegrama ao governador pedindo a remoção do capitão.

A tragédia não aconteceu, Nominando tomou posse e realizou uma grande administração.

Criou o teatro, contratou um diretor teatral em João Pessoa para ensinar aos jovens a arte de representar, criou a Liga Desportiva Princesense, levando também um técnico de futebol para treinar os times da cidade, reformou o açougue público, construiu o matadouro municipal e revitalizou a rede escolar do municipio.

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