Porque não me surpreendo com Walter Galvão

Amigo meu liga antes do cantar do galo com ares de alarme:

– Viu Walter Galvão?”

Não tinha visto. Aliás, a última vez que vi essa figura ainda não havia notícia de Coronavírus por aqui.

Respondi que não. E ele, o meu amigo vespertino:

– Rapaz, você não vai acreditar. Fique sentado pra não cair. Ele fez um artigo criticando Ricardo Coutinho. Logo Ricardo, aquele que lhe deu casa, comida, roupa lavada e cafunés desde quando se elegeu deputado, passando pela Prefeitura até chegar ao Governo do Estado, nomeando-o sucessivamente para cargos como secretário de Prefeitura, diretor, assessor, conselheiro, porta-voz, o caralho a quatro!”

O amigo pausou e eu aproveitei para fazê-lo descansar um pouco:

-Amigo, por que a surpresa? Walter Galvão foi o grande amigo de Ricardo até enquanto precisou dele. Agora ele precisa é de João Azevedo.”

– É, mas isso é feio -, retrucou o amigo cujo nome eu não digo porque isso agora não vem ao caso.

Importa apenas tranquiliza-lo quanto ao que ele, alarmado, considerou traição.

Walter Galvão é um intelectual, filósofo, ex-cantor de conjunto, bom escritor, jornalista de boas postagens, mas nunca escondeu de ninguém que é sonso. E todo sonso dá o bote e esconde a unha.

Lembro de uma passagem que bem caracteriza o rapaz. Ele era chefe de gabinete de Márcia Lucena. Pessoa das mais alta confiança da prefeita. Confidente.

Naquele domingo fatídico ele almoçou com a prefeita e seus pais em sua casa e só se recolheu ao final do dia .

No dia seguinte saiu a sua nomeação para uma assessoria no Palácio da Redenção e na terça Márcia foi presa pela Polícia Federal.

O rapaz trocou de cargo e de poder sem pedir exoneração do cargo anterior.

E sem dar a menor satisfação a quem lhe nomeou chefe de gabinete.

Encerrei dizendo ao amigo:

-Espere o próximo artigo. Na certa vai meter o pau em Márcia e elogiar Aluizio Régis.